Na maioria desses relatos a Rocinha representa um lugar de habitação, memórias da infância, lugar de origem e de se estar no mundo. De fato, a história da Rocinha é uma história de luta por condições dignas de moradia. Com uma área ocupada de 877.575 m², segundo dados de 1999 do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP – RJ), a Rocinha já foi considerada a maior favela da América Latina. De acordo com o censo do IBGE de 2010, a Rocinha possuía mais de 69 mil habitantes e 25 mil domicílios, mas de acordo com o Censo das Favelas realizado pelo governo do estado, a Rocinha já ultrapassava o número de 100 mil habitantes. No Censo de 2022, a Rocinha perdeu o título de maior favela do Brasil por número de domicílios, sendo ultrapassada pela favela de Sol Nascente, no Distrito Federal, com 32.081 domicílios. Já a Rocinha, a população contada pelo Censo 2022 foi de 67.199 pessoas e 30.955 domicílios.
Segundo o Wikifavelas, o processo de ocupação do espaço remete à década de 20 quando a região ainda possuía características rurais, onde localizava-se a antiga fazenda de café Quebra-Cangalha. A fazenda foi vendida para as Companhias de Terreno Cristo Redentor e Castro Guidão e foi dividida em loteamentos que serviram sobretudo para a produção de hortaliças que abasteciam os bairros vizinhos. Quando indagados de onde vinham os produtos que eram vendidos na feira da Praça Santos Dumont, os comerciantes respondiam que as hortaliças vinham de uma “rocinha” no alto do morro da Gávea, o que deu origem ao nome dado à favela.
A expansão da Rocinha ocorreu em paralelo ao desenvolvimento do bairro da Gávea, foi uma das primeiras localidades a possuir o bonde elétrico no final do século XIX, o que ocasionou o desenvolvimento industrial da região nas primeiras décadas do século XX (WEID, 1997). Essa região ficou conhecida como Gávea Vermelha, um bairro operário de vilas de trabalhadores que mais tarde, na década de 40, transformou-se no Parque Proletário como resultado da política de habitação do governo Vargas para os trabalhadores pobres da Zona Sul e para as famílias removidas de outras regiões da Rocinha. O asfaltamento da Estrada da Gávea em 30 e a crescente industrialização aceleraram o processo de ocupação dos antigos loteamentos da Rocinha (MILLEN, 2018).