Oficina do Sucesso

A Oficina do Sucesso foi criada em 2007 como um braço da Casa Maria de Nazaré no espaço conhecido como Casa Rosa, que anteriormente funcionava como uma casa de festas. Trata-se de um centro de suporte educacional onde são realizadas atividades artísticas, esportivas, de ensino, dentre outras. Funciona a partir de doações de parceiros, contando com o trabalho de voluntários e trabalhadores contratados. As atividades realizadas neste espaço visam incentivar os jovens a continuarem na escola e também funciona como um ambiente de segurança alimentar. Atualmente a Oficina do Sucesso conta com aulas de ballet, futsal, recuperação escolar contando ainda com aulas de informática, literatura, matemática, ginástica para adultos, dentre outras atividades. 

Endereço: Rua Dionéia, 20

Garagem das Letras

A Garagem das Letras é uma garagem que foi transformada no primeiro café literário da Rocinha. Voltada para a promoção da cultura e a educação na favela com diversos projetos que atendem aos moradores, em especial o público infanto-juvenil.  Além de contar com uma cafeteria, a Garagem das Letras disponibiliza para as crianças e os jovens da região uma brinquedoteca e uma biblioteca, oferecem cursos gratuitos de alfabetização e  de idiomas.  São organizados no local eventos culturais abertos ao público, tornando-se mais uma opção de lazer na Rocinha. A Garagem das Letras foi criada através da iniciativa da Bárbara, que veio da Itália, e de seu esposo Júlio, nascido no Brasil, ambos vivem na Rocinha há mais de 18 anos e  também são guias de turismo, promovendo ainda passeios com grupos da terceira idade de moradores  para outros destinos fora da Rocinha.

Endereço: Rua Dionéia,11

Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem

A Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem foi a primeira igreja da Rocinha. Sua pedra fundamental é de 1937 e sua inauguração foi em 1 de maio de 1938. Fica localizada na Estrada da Gávea e ocupa a área do loteamento original doado pela Companhia Castro Guidão, proprietária das antigas fazendas na região, para a construção da igreja. A partir da década de 1940, as igrejas exerceram o papel do assistencialismo social nas favelas através das ações empenhadas em parceria com a Fundação Leão XIII, que incentivou o desenvolvimento de  trabalhos de educação popular e aulas de alfabetização, considerando os índices de analfabetismo e pobreza da época. Além da Paróquia Nossa Senhora de Boa Viagem, a Rocinha conta com a Capela de Nossa Senhora Aparecida no Largo do Boiadeiro e o instituto fransciscano ASPA - Ação Social Padre Anchieta. A Festa Junina da paróquia é bem popular entre os moradores e os visitantes da favela.

Endereço: Estrada da Gávea, 445.

Biblioteca Parque C4

ulia de Brito Maranhão reuniu a história da Biblioteca Parque e publicou em 2015, ela explica que a luta dos moradores para a instalação de um equipamento cultural na favela é antiga, mas em 2004, ganhou uma maior organização com a criação de um fórum de discussão sobre ações de urbanização para a Rocinha - Fórum Técnico de Urbanização da Rocinha. A primeira reunião do grupo de discussão aconteceu no Hotel Intercontinental, nas proximidades da favela e contou com a participação da União Pró-Melhoramento dos Moradores da Rocinha (UPMMR), a Associação de Moradores e Amigos do Bairro Barcelos (Amabb), que representava o sub-bairro localizado na parte baixa da Rocinha, e a Associação de Moradores do Laboriaux e Vila Cruzado, sub bairros situados na parte alta da favela, além da Associação de Mulheres da Rocinha (AMR), a Associação Pró-Melhoramento Vila Parque da Cidade (APMVPC), e a Câmara Comunitária da Barra da Tijuca. A convocação destas associações e entidades foi feita pela Associação de Moradores e Amigos de São Conrado (Amasco). Neste contexto de mobilização, a ideia de criação de um centro cultural na Rocinha, aos poucos, foi sendo desenvolvida e foi denominado de Centro de Convivência, Comunicação e Cultura (C4). O C4 faria parte do “Espaço Semente” que incluía moradias por tempo determinado (MTDs), Áreas de Trabalho (ATs), Horta Orgânica (HOP), além do Centro de Convivência, Comunicação e Cultura (C4). 

A Biblioteca Parque acabou sendo construída pelas obras do PAC da Rocinha e foi inaugurada em 2012. Na fachada é possível ler C4 como referência ao projeto original dos moradores da Rocinha, mas na prática, a Biblioteca segue o modelo de gestão de Bibliotecas Parque importado da Colômbia. Com um total de cinco pavimentos, a Biblioteca Parque da Rocinha ocupa um espaço de 1,6 mil metros quadrados, na Estrada da Gávea, número 454. Possuía, até 2015, um acervo total de 15.348 itens, entre DVDs e livros. A Biblioteca conta com uma DVDteca, que fica no primeiro andar, no segundo andar temos o  espaço cultural, teatro/auditório com capacidade para 200 pessoas sentadas, onde são realizados ensaios e apresentações; no terceiro pavimento, há computadores e notebooks disponíveis e um estúdio de gravação, de edição audiovisual, e salas multiuso, além de uma varanda, banheiros e setor administrativo, no quarto andar, fica o espaço cultural que reúne o acervo de publicações com foco nos públicos adulto e infanto-juvenil, no último andar há uma varanda, banheiros e uma cozinha industrial. O espaço cultural possui ainda elevador e escadas, conta com acesso a internet gratuitamente e todos os andares são climatizados. Na escada que dá acesso ao segundo e terceiro andar da Biblioteca encontramos algumas instalações, uma feita pelo Museu Sankofa, um jogo de perguntas e respostas sobre as memórias e histórias da Rocinha.

Endereço: Estrada da Gávea, 454.

Parque Ecológico

No lugar que ficou conhecido como Portão Vermelho é onde hoje se localiza o Parque Ecológico da Rocinha. Inaugurado no final de 2012, como uma das obras implementadas pelo PAC - Programa de Aceleração de Crescimento, a construção do parque teve o objetivo conter o avanço de habitações no local. Além de uma densa mata verde, o parque contém quadras poliesportivas, academia para a terceira idade, ecotrilha, hortas comunitárias, um anfiteatro, entre outros equipamentos, configurando-se como uma das áreas de lazer para os moradores na Rocinha. A sede da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha também ocupa um espaço no parque. Do mirante do Parque Ecológico é possível ver a praia e o bairro de São Conrado, onde seus condomínios evidenciam o contraste social em comparação com as construções das casas de alvenaria da favela. Com um espaço de mais de 8 mil metros quadrados, o Parque Ecológico faz fronteira com as regiões da Dionéia, Paula Brito e Laboriaux.

Endereço: Rua Portão Vermelho, Rocinha.

Os atalhos

Os atalhos são muito usados pelos guias durante os roteiros pela Rocinha, e também fazem parte do cotidiano dos moradores. Os atalhos são os becos e as vielas das favelas por onde se desce ou se sobe mais rápido do que andando pela Estrada da Gávea e suas curvas. Nos atalhos vemos mais residências e menos comércios, além de alguns graffitis. 

Jaqueiras da Estrada da Gávea

As jaqueiras localizadas na Estrada da Gávea são mais um ponto de referência na história da Rocinha. A árvore, que tem mais de 100 anos, está no local desde antes da criação da Estrada da Gávea em 1917 e serve como uma referência para os moradores e visitantes da Rocinha. As jaqueiras são importantes não apenas como marco geográfico, elas também representam a história de reflorestamento na região e a conexão com a Floresta da Tijuca. A jaca, que é originária da Ásia, tornou-se um elemento essencial na culinária local, sendo uma fonte de alimento e uma fonte de renda para os moradores. Durante a época de produção, as jacas são colhidas e vendidas nos comércios locais. Além disso, as jaqueiras são usadas como ponto de encontro para as pessoas na favela. No geral, as jaqueiras desempenham um papel significativo na história, cultura e na vida cotidiana da Rocinha. 

Rua 1: Outros comércios

Descendo pela Estrada da Gávea, chegamos à Rua 1, uma rua por onde passam muitos grupos de turistas e visitantes, e onde encontramos uma mini feira ao ar livre. Alí são comercializadas flores, plantas, legumes, verduras, peixes e frutos do mar no dia-a-dia da Rocinha. Desta rua, também podemos observar os diversos tipos de construções na Rocinha, como bem descreveram Bianca Freire-Medeiros e Palloma Menezes em 2009: 

“(...) casas bem acabadas, revestidas de azulejo e decoradas com plantas na varanda; prédios com pinturas antigas e gastas; construções que nunca nem foram emboçadas, muito menos pintadas. Umas têm vários andares e se prestam à moradia multifamiliar; outras, baixas e pequenas, são utilizadas para atividades comerciais. Como se estivessem costurando todas elas, há fios e mais fios emaranhados. Ao fundo, algumas roupas penduradas (...)”

Laboriaux

A geografia da Rocinha é similar a uma baía, onde tudo verte para o Campo de Esperança, na época totalmente ocupado. Houve um mutirão para retirada de lixo organizado pelo Padre Cristiano, que era o padre da igreja do Largo do Boiadeiro. Naquele caso, como todas as águas da Rocinha vertem para ali, e o valão era todo coberto de barracos, aquilo não funcionava e acabava havendo muita inundação (....) nesse processo de mutirão se conseguiu, junto à prefeitura, uma canalização do valão e, para canalizar, era preciso tirar 72 famílias. Foi assim que surgiu o projeto do Laboriaux, que era um lugar que havia sido favela, e foi removida, era um lugar vazio, com restos de barracos. E eu fui vistoriar com uma pessoa da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. A gente vistoriou o lugar, e um arquiteto da minha equipe que fez o primeiro desenho de projeto para transferência das famílias foi pra lá (trecho de entrevista concedida por Celso Bredariol, em julho de 2015).

A prefeitura, então, assumiu o trabalho e realizou a obra de reassentamento das pessoas do valão para o Laboriaux e a canalização do valão no Campo de Esperança; a equipe da FEEMA fez um trabalho de reflorestamento com os moradores para contenção da encosta no local.

Após uma noite de muita chuva, me ligaram falando que tinha uma moradora que não conseguia sair de casa por causa da lama que impedia a abertura de sua porta. Eu tinha saído pra trabalhar, mas não conseguia chegar no trabalho, porque as ruas estavam alagadas e estava tudo parado, então, voltei pra Rocinha. Quando cheguei, me mostraram que tinha uma rua rachando lá em cima. E fui até lá, fotografei a rachadura e fiquei acompanhando. Liguei para a GeoRio, Defesa Civil, Região Administrativa e comecei a cadastrar as pessoas que teriam que sair de suas casas pelo risco que a gente tava vendo no local. Até 12h, a gente tinha mais ou menos 35 pessoas cadastradas. No final do dia, a GeoRio chegou para avaliar e a Defesa Civil interditou a área que logo depois veio abaixo. Como a gente tinha lista das pessoas, comecei a chamar pelo nome a e aí faltavam duas pessoas. Essas pessoas ficaram soterradas. A partir daí, o coronel do Batalhão de Copacabana perguntou quem estava ali pra ajudar no resgate (...) No primeiro dia a gente trabalhou, tentou tirar as pessoas (...) enquanto a gente não resgatou as duas pessoas, o trabalho não parou (...) (trecho de entrevista concedida por José Ricardo, em junho de 2015)

Após esse episódio, foi iniciado o Movimento Preserva Laboriaux visando ao debate e à promoção da qualidade de vida e desenvolvimento sustentável dessa parte da favela, que havia sido classificada como “área de risco” e ameaçada de remoção após fortes chuvas que atingiram a cidade em abril de 2010. 

Mirante do Laboriaux

Na parte alta da Rocinha, fica a região chamada de Laboriaux. Na subida para o Laboriaux é possível ter uma visão panorâmica da paisagem da Rocinha, sua geografia, e o bairro de São Conrado. Chegando ao mirante do Laboriaux, podemos ver do alto do morro a Lagoa Rodrigo de Freitas e o bairro da Gávea. É neste local que muitos guias começam a contar a história do surgimento da favela da Rocinha, pontuando como seu crescimento acompanha a expansão da Gávea, São Conrado e da cidade. 

Neste ponto, também é lembrado que nos arredores de onde hoje é a Rocinha ficava o que Firmino do Museu Sankofa chama de Quilombo das Camélias, onde abolicionistas se reuniram na luta pela abolição da escravidão. O quilombo ficava na propriedade de um empresário abolicionista, fabricante de malas que acolhia os escravizados que fugiam. O livro do professor Eduardo Silva “As camélias do Leblon e a abolição da escravatura”, conta que:

“o empresário Seixas possuía uma chácara no Leblon, onde cultivava flores com o auxílio de escravos fugidos.  Seixas ajudava os fugitivos e os escondia na chácara do Leblon com a cumplicidade dos principais abolicionistas da capital do Império, muitos deles membros proeminentes da Confederação Abolicionista. A chácara de flores, a floricultura do Seixas, era conhecida mais ou menos abertamente como o “quilombo Leblond”, ou “quilombo Le Bloon”, então um remoto e ortograficamente ainda incerto subúrbio à beiramar. Era, digamos, um quilombo simbólico, feito para produzir objetos simbólicos. Era lá, exatamente, que o Seixas cultivava as suas famosas camélias, o símbolo por excelência do movimento abolicionista.”